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domingo, 6 de abril de 2014

ÁGUIA NÃO CAÇAM MOSCAS

Estávamos no topo da montanha. 
O outono coloria os vales que se estendiam abaixo de nós em matizes de tirar o fôlego. 
Depois de alguns minutos de meditação, o mestre voltou-se para mim e perguntou-me como havia passado os dois dias em que não havíamos nos visto.
- Nada empolgante, respondi. E em seguida, relatei uma ladainha de coisas pequenas do dia a dia que me incomodavam muito. Disse-lhe que por causa de todas essas coisinhas - pequenas, mas que me perturbavam e distraíam o tempo todo-, não conseguia trabalhar naquilo que realmente importava, aquilo que era meu sonho maior.
Como de costume, o mestre me ouviu em absoluto silêncio. Percebi, porém, que com o olhar, observava uma águia gigante que sobrevoava a parte mais baixa da montanha. Quando parei de falar, ele continuou sem dizer uma única palavra por tempo longo demais. Contudo, com visível interesse, continuava a observar o voo da ave.
- Uma águia!, eu disse. - Há muitas por aqui. As vejo todo dia. Mas não vim até aqui para observar águias. Vim aqui para falar dos meus problemas... Relatei-lhe uma série deles. Você pelo menos ouviu o que eu lhe disse?
O mestre fez um sinal com a cabeça afirmando que tinha me ouvido. E sem tirar os olhos da águia, perguntou:
- Jacob, você sabe por que as águias são aves tão nobres? Por que elas são consideradas um símbolo de garra, força, foco e determinação?
E sem esperar por uma resposta, acrescentou:
- Por um único motivo: águias não caçam moscas. Elas vivem numa altura onde pequenos insetos raramente as conseguem perturbar ou distrair. 
Em seguida, ele calou outra vez. Também fiquei em silêncio, pensando, um tanto envergonhado, sobre tudo que dissera antes. Minutos depois, o mestre colocou a mão sobre meu ombro, apoiou-se sobre mim enquanto se levantava. E já em pé, disse:
- Um espírito de águia... Procure desenvolver esse espírito de águia em você! E lembre-se sempre: águias não caçam moscas.
(Texto com Direitos Autorais. Compartilhe com seu grupo, mas preserve a autoria)

Por Jacob Pétry